O Livro de Jó (em hebraico: אִיוֹב, Iyov) é um dos livros da seção dos "Escritos" (Ketuvim) da Bíblia hebraica (Tanach) e o primeiro dos livros poéticos do Antigo Testamento da Bíblia cristã. Jó endereça o problema da teodiceia — a justificação da justiça de Deus à luz do sofrimento da humanidade — e é uma rica obra teológica que apresenta diversas perspectivas sobre a questão. O texto tem sido amplamente elogiado por suas qualidades, com Alfred Tennyson chamando-o de "o maior poema dos tempos antigos e modernos".

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Capítulo 7

1 : Por acaso o ser humano não tem um trabalho duro sobre a terra, e não são seus dias como os dias de um assalariado?

2 : Como o servo suspira pela sombra, e como o assalariado espera por seu pagamento,

3 : Assim também me deram por herança meses inúteis, e me prepararam noites de sofrimento.

4 : Quando eu me deito, pergunto: Quando me levantarei? Mas a noite se prolonga, e me canso de me virar [na cama] até o amanhecer.

5 : Minha carne está coberta de vermes e de crostas de pó; meu pele está rachada e horrível.

6 : Meus dias são mais rápidos que a lançadeira do tecelão, e perecem sem esperança.

7 : Lembra-te que minha vida é um sopro; meus olhos não voltarão a ver o bem.

8 : Os olhos dos que me veem não me verão mais; teus olhos estarão sobre mim, porém deixarei de existir.

9 : A nuvem se esvaece, e passa; assim também quem desce ao Xeol nunca voltará a subir.

10 : Nunca mais voltará à sua casa, nem seu lugar o conhecerá.

11 : Por isso eu não calarei minha boca; falarei na angústia do meu espírito, e me queixarei na amargura de minha alma.

12 : Por acaso sou eu o mar, ou um monstro marinho, para que me ponhas guarda?

13 : Quando eu digo: Minha cama me consolará; meu leito aliviará minhas queixa,

14 : Então tu me espantas com sonhos, e me assombras com visões.

15 : Por isso minha alma preferia a asfixia [e] a morte, mais que meus ossos.

16 : Odeio [a minha vida] ; não viverei para sempre; deixa-me, pois que meus dias são inúteis.

17 : O que é o ser humano, para que tanto o estimes, e ponhas sobre ele teu coração,

18 : E o visites a cada manhã, e a cada momento o proves?

19 : Até quando não me deixarás, nem me liberarás até que eu engula minha saliva?

20 : Se pequei, o eu que te fiz, ó Guarda dos homens? Por que me fizeste de alvo de dardos, para que eu seja pesado para mim mesmo?

21 : E por que não perdoas minha transgressão, e tiras minha maldade? Porque agora dormirei no pó, e me buscarás de manhã, porém não mais existirei.