O Livro de Jó (em hebraico: אִיוֹב, Iyov) é um dos livros da seção dos "Escritos" (Ketuvim) da Bíblia hebraica (Tanach) e o primeiro dos livros poéticos do Antigo Testamento da Bíblia cristã. Jó endereça o problema da teodiceia — a justificação da justiça de Deus à luz do sofrimento da humanidade — e é uma rica obra teológica que apresenta diversas perspectivas sobre a questão. O texto tem sido amplamente elogiado por suas qualidades, com Alfred Tennyson chamando-o de "o maior poema dos tempos antigos e modernos".

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Capítulo 6

1 : Mas Jó respondeu, dizendo:

2 : Oh se pesassem justamente minha aflição, e meu tormento juntamente fosse posto em uma balança!

3 : Pois na verdade seria mais pesada que a areia dos mares; por isso minhas palavras têm sido impulsivas.

4 : Porque as flechas do Todo-Poderoso estão em mim, cujo veneno meu espírito bebe; e temores de Deus me atacam.

5 : Por acaso o asno selvagem zurra junto à erva, ou o boi berra junto a seu pasto?

6 : Por acaso se come o insípido sem sal? Ou há gosto na clara do ovo?

7 : Minha alma se recusa tocar [essas coisas] ,que são para mim como comida detestável.

8 : Ah se meu pedido fosse realizado, e se Deus [me] desse o que espero!

9 : Que Deus me destruísse; ele soltasse sua mão, e acabasse comigo!

10 : Isto ainda seria meu consolo, um alívio em meio ao tormento que não [me] poupa; pois eu não tenho escondido as palavras do Santo.

11 : Qual é minha força para que eu espere? E qual meu fim, para que eu prolongue minha vida?

12 : É, por acaso, a minha força a força de pedras? Minha carne é de bronze?

13 : Tenho eu como ajudar a mim mesmo, se todo auxílio me foi tirado?

14 : Ao aflito, seus amigos deviam ser misericordiosos, mesmo se ele tivesse abandonado o temor ao Todo-Poderoso.

15 : Meus irmãos foram traiçoeiros comigo, como ribeiro, como correntes de águas que transbordam,

16 : Que estão escurecidas pelo gelo, e nelas se esconde a neve;

17 : Que no tempo do calor se secam e, ao se aquecerem, desaparecem de seu lugar;

18 : Os cursos de seus caminhos se desviam; vão se minguando, e perecem.

19 : As caravanas de Temã as veem; os viajantes de Sabá esperam por elas.

20 : Foram envergonhados por aquilo em que confiavam; e ao chegarem ali, ficaram desapontados.

21 : Agora, vós vos tornastes semelhantes a elas; pois vistes o terror, e temestes.

22 : Por acaso eu disse: Trazei-me [algo] ? Ou: Dai presente a mim de vossa riqueza?

23 : Ou: Livrai-me da mão do opressor? Ou: Resgatai-me das mãos dos violentos?

24 : Ensinai-me, e eu [me] calarei; e fazei-me entender em que errei.

25 : Como são fortes as palavras de boa razão! Mas o que vossa repreensão reprova?

26 : Pretendeis repreender palavras, sendo que os argumentos do desesperado são como o vento?

27 : De fato vós lançaríeis [sortes] sobre o órfão, e venderíeis vosso amigo.

28 : Agora, pois, disponde-vos a olhar para mim; e [vede] se eu minto diante de vós.

29 : Mudai de opinião, pois, e não haja perversidade; mudai de opinião, pois minha justiça continua.

30 : Há perversidade em minha língua? Não poderia meu paladar discernir as coisas más?