O Livro de Jó (em hebraico: אִיוֹב, Iyov) é um dos livros da seção dos "Escritos" (Ketuvim) da Bíblia hebraica (Tanach) e o primeiro dos livros poéticos do Antigo Testamento da Bíblia cristã. Jó endereça o problema da teodiceia — a justificação da justiça de Deus à luz do sofrimento da humanidade — e é uma rica obra teológica que apresenta diversas perspectivas sobre a questão. O texto tem sido amplamente elogiado por suas qualidades, com Alfred Tennyson chamando-o de "o maior poema dos tempos antigos e modernos".

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Capítulo 36

1 : Prosseguiu Eliú ainda, dizendo:

2 : Espera-me um pouco, e eu te mostrarei que ainda há palavras a favor de Deus.

3 : Desde longe trarei meu conhecimento, e a meu Criador atribuirei a justiça.

4 : Porque verdadeiramente minhas palavras não serão falsas; contigo está um que tem completo conhecimento.

5 : Eis que Deus é grande, porém despreza ninguém; grande ele é em poder de entendimento.

6 : Ele não permite o perverso viver, e faz justiça aos aflitos.

7 : Ele não tira seus olhos do justo; ao contrário, ele os faz sentar com os reis no trono, e [assim] são exaltados.

8 : E se estiverem presos em grilhões, e detidos com cordas de aflição,

9 : Então ele lhes faz saber as obras que fizeram, e suas transgressões, das quais se orgulharam.

10 : E revela a seus ouvidos, para que sejam disciplinados; e lhes diz, para que se convertam da maldade.

11 : Se ouvirem, e [o] servirem, acabarão seus dias em prosperidade, e seus anos em prazeres.

12 : Porém se não ouvirem, perecerão pela espada, e morrerão sem conhecimento.

13 : E os hipócritas de coração acumulam a ira [divina] ; e quando ele os amarrar, mesmo assim não clamam.

14 : A alma deles morrerá em sua juventude, e sua vida entre os pervertidos.

15 : Ele livra o aflito de sua aflição, e na opressão ele revela a seus ouvidos.

16 : Assim também ele pode te desviar da boca da angústia [para] um lugar amplo, onde não haveria aperto; para o conforto de tua mesa, cheia dos melhores alimentos.

17 : Mas tu estás cheio do julgamento do perverso; o julgamento e a justiça te tomam.

18 : Por causa da furor, [guarda-te] para que não sejas seduzido pela riqueza, nem que um grande suborno te faça desviar.

19 : Pode, por acaso, a tua riqueza te sustentar para que não tenhas aflição, mesmo com todos os esforços de [teu] poder?

20 : Não anseies pela noite, em que os povos são tomados de seu lugar.

21 : Guarda-te, e não te voltes para a maldade; pois por isto que tens sido testado com miséria.

22 : Eis que Deus é exaltado em seu poder; que instrutor há como ele?

23 : Quem lhe indica o seu caminho? Quem poderá lhe dizer: Cometeste maldade?

24 : Lembra-te de engrandeceres sua obra, a qual os seres humanos contemplam.

25 : Todas as pessoas a veem; o ser humano a enxerga de longe.

26 : Eis que Deus é grande, e nós não o compreendemos; não se pode descobrir o número de seus anos.

27 : Ele traz para cima as gotas das águas, que derramam a chuva de seu vapor;

28 : A qual as nuvens destilam, gotejando abundantemente sobre o ser humano.

29 : Poderá alguém entender a extensão das nuvens, [e] os estrondos de seu pavilhão?

30 : Eis que estende sobre ele sua luz, e cobre as profundezas do mar.

31 : Pois por estas coisas ele julga aos povos, e dá alimento em abundância.

32 : Ele cobre as mãos com o relâmpago, e dá ordens para que atinja o alvo.

33 : O trovão anuncia sua presença; o gado também [prenuncia a tempestade] que se aproxima.