O Livro de Jó (em hebraico: אִיוֹב, Iyov) é um dos livros da seção dos "Escritos" (Ketuvim) da Bíblia hebraica (Tanach) e o primeiro dos livros poéticos do Antigo Testamento da Bíblia cristã. Jó endereça o problema da teodiceia — a justificação da justiça de Deus à luz do sofrimento da humanidade — e é uma rica obra teológica que apresenta diversas perspectivas sobre a questão. O texto tem sido amplamente elogiado por suas qualidades, com Alfred Tennyson chamando-o de "o maior poema dos tempos antigos e modernos".

Capítulos »

1 » 2 » 3 » 4 » 5 » 6 » 7 » 8 » 9 » 10 » 11 » 12 » 13 » 14 » 15 » 16 » 17 » 18 » 19 » 20 » 21 » 22 » 23 » 24 » 25 » 26 » 27 » 28 » 29 » 30 » 31 » 32 » 33 » 34 » 35 » 36 » 37 » 38 » 39 » 40 » 41 » 42 »


Capítulo 34

1 : Eliú respondeu mais, dizendo:

2 : Ouvi, vós sábios, minhas palavras; e vós, inteligentes, dai-me ouvidos.

3 : Porque o ouvido prova as palavras, assim como o paladar experimenta a comida.

4 : Escolhamos para nós o que é correto, [e] conheçamos entre nós o que é bom.

5 : Pois Jó disse: Eu sou justo, e Deus tem me tirado meu direito.

6 : Por acaso devo eu mentir quanto ao meu direito? Minha ferida é dolorosa mesmo que eu não tenha transgressão.

7 : Que homem há como Jó, que bebe o escárnio como água?

8 : E que caminha na companhia dos que praticam maldade, e anda com homens perversos?

9 : Porque disse: De nada aproveita ao homem agradar-se em Deus.

10 : Portanto vós, homens de bom-senso, escutai-me; longe de Deus esteja a maldade, e do Todo- Poderoso a perversidade!

11 : Porque ele paga ao ser humano [conforme] sua obra, e faz a cada um conforme o seu caminho.

12 : Certamente Deus não faz injustiça, e o Todo-Poderoso não perverte o direito.

13 : Quem o pôs para administrar a terra? E quem dispôs a todo o mundo?

14 : Se ele tomasse a decisão, e recolhesse para si seu espírito e seu fôlego,

15 : Toda carne juntamente expiraria, e o ser humano se tornaria em pó.

16 : Se pois há [em ti] entendimento, ouve isto: dá ouvidos ao som de minhas palavras.

17 : Por acaso quem odeia a justiça poderá governar? E condenarás tu ao Poderoso Justo?

18 : Pode, por acaso, o rei ser chamado de vil, [e] os príncipes de perversos?

19 : [Quanto menos] a aquele que não faz acepção de pessoas de príncipes, nem valoriza mais o rico que o pobre! Pois todos são obras de suas mãos.

20 : Em um momento morrem; e à meia noite os povos são sacudidos, e passam; e o poderoso será tomado sem ação humana.

21 : Porque seus olhos estão sobre os caminhos do homem, e ele vê todos os seus passos.

22 : Não há trevas nem sombra de morte em que os que praticam maldade possam se esconder.

23 : Pois ele não precisa observar tanto ao homem para que este possa entrar em juízo com Deus.

24 : Ele quebranta aos fortes sem [precisar de] investigação, e põe outros em seu lugar.

25 : Visto que ele conhece suas obras, de noite os trastorna, e ficam destroçados.

26 : Ele os espanca à vista pública por serem maus.

27 : Pois eles se desviaram de segui-lo, e não deram atenção a nenhum de seus caminhos.

28 : Assim fizeram com que viesse a ele o clamor do pobre, e ele ouvisse o clamor dos aflitos.

29 : E se ele ficar quieto, quem [o] condenará? Se ele esconder o rosto, quem o olhará? [Ele está] quer sobre um povo, quer sobre um único ser humano,

30 : Para que a pessoa hipócrita não reine, [e] não haja ciladas ao povo.

31 : Por que [não tão somente] se diz: Suportei [teu castigo] não farei mais o que é errado;

32 : Ensina-me o que não vejo; se fiz alguma maldade, nunca mais a farei?

33 : Será a recompensa da parte dele como tu queres, para que a recuses? És tu que escolhes, e não eu; o que tu sabes, fala.

34 : As pessoas de entendimento dirão comigo, e o homem sábio me ouvirá;

35 : Jó não fala com conhecimento, e a suas palavras falta prudência.

36 : Queria eu que Jó fosse provado até o fim, por causa de suas respostas comparáveis a de homens malignos.

37 : Pois ao seu pecado ele acrescentou rebeldia; ele bate as mãos [de forma desrespeitosa] entre nós, e multiplica suas palavras contra Deus.