Jó
O Livro de Jó (em hebraico: אִיוֹב, Iyov) é um dos livros da seção dos "Escritos" (Ketuvim) da Bíblia hebraica (Tanach) e o primeiro dos livros poéticos do Antigo Testamento da Bíblia cristã. Jó endereça o problema da teodiceia — a justificação da justiça de Deus à luz do sofrimento da humanidade — e é uma rica obra teológica que apresenta diversas perspectivas sobre a questão. O texto tem sido amplamente elogiado por suas qualidades, com Alfred Tennyson chamando-o de "o maior poema dos tempos antigos e modernos".
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Capítulo 33
1 : Portanto, Jó, ouve, por favor, meus dizeres, e dá ouvidos a todas as minhas palavras.
2 : Eis que já abri minha boca; minha língua já fala debaixo do meu céu da boca.
3 : Meus dizeres pronunciarão a integridade do meu coração, e o puro conhecimento dos meus lábios.
4 : O Espírito de Deus me fez, e o sopro do Todo-Poderoso me deu vida.
5 : Se puderes, responde-me; dispõe-te perante mim, e persiste.
6 : Eis que para Deus eu sou como tu; do barro também eu fui formado.
7 : Eis que meu terror não te espantará, nem minha mão será pesada sobre ti.
8 : Certamente tu disseste a meus ouvidos, e eu ouvi a voz de tuas palavras,
9 : [Que diziam] : Eu sou limpo e sem transgressão; sou inocente, e não tenho culpa.
10 : Eis que [Deus] buscou pretextos contra mim, [e] me tem por seu inimigo.
11 : Ele pôs meus pés no tronco, e observa todas as minhas veredas.
12 : Eis que nisto não foste justo, eu te respondo; pois Deus é maior que o ser humano.
13 : Por que razão brigas contra ele por não dar resposta às palavras do ser humano?
14 : Contudo Deus fala uma ou duas vezes, ainda que [o ser humano] não entenda.
15 : Em sonho [ou em] visão noturna, quando o sono profundo cai sobre as pessoas, [e] adormecem na cama.
16 : Então o revela ao ouvido das pessoas, e os sela com advertências;
17 : Para desviar ao ser humano de sua obra, e do homem a soberba.
18 : Para desviar a sua alma da perdição, e sua vida de passar pela espada.
19 : Também em sua cama é castigado com dores, com luta constante em seus ossos,
20 : De modo que sua vida detesta [até] o pão, e sua alma a comida deliciosa.
21 : Sua carne desaparece da vista, e seus ossos, que antes não se viam, aparecem.
22 : Sua alma se aproxima da cova, e sua vida dos que causam a morte.
23 : Se com ele, pois, houver algum anjo, algum intérprete; um dentre mil, para anunciar ao ser humano o que lhe é correto,
24 : Então [Deus] terá misericórdia dele, e [lhe] dirá: Livra-o, para que não desça à perdição; [já] achei o resgate.
25 : Sua carne se rejuvenescerá mais do que era na infância, [e] voltará aos dias de sua juventude.
26 : Ele orará a Deus, que se agradará dele; e verá sua face com júbilo, porque ele restituirá ao ser humano sua justiça.
27 : Ele olhará para as pessoas, e dirá: Pequei, e perverti o [que era] correto, o que de nada me aproveitou.
28 : [Porém] Deus livrou minha alma para que eu não passasse à cova, e [agora] minha vida vê a luz!
29 : Eis que Deus faz tudo isto duas [ou] três vezes com o ser humano,
30 : Para desviar sua alma da perdição, e o iluminar com a luz dos viventes.
31 : Presta atenção, Jó, e ouve-me; cala-te, e eu falarei.
32 : Se tiveres o que dizer, responde-me; fala, porque eu quero te justificar.
33 : E se não, escuta-me; cala-te, e eu ensinarei sabedoria.