O Livro de Jó (em hebraico: אִיוֹב, Iyov) é um dos livros da seção dos "Escritos" (Ketuvim) da Bíblia hebraica (Tanach) e o primeiro dos livros poéticos do Antigo Testamento da Bíblia cristã. Jó endereça o problema da teodiceia — a justificação da justiça de Deus à luz do sofrimento da humanidade — e é uma rica obra teológica que apresenta diversas perspectivas sobre a questão. O texto tem sido amplamente elogiado por suas qualidades, com Alfred Tennyson chamando-o de "o maior poema dos tempos antigos e modernos".

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Capítulo 30

1 : Porém agora riem de mim os mais jovens do que eu, cujos pais eu havia desdenhado até de os pôr com os cães de meu rebanho.

2 : De que também me serviria força de suas mãos, nos quais o vigor já pereceu?

3 : Por causa da pobreza e da fome andavam sós; roem na terra seca, no lugar desolado e deserto em trevas.

4 : Que colhiam malvas entre os arbustos, e seu alimento eram as raízes dos zimbros.

5 : Do meio [das pessoas] eram expulsos, e gritavam contra eles, como a um ladrão.

6 : Habitavam nos barrancos dos ribeiros secos, nos buracos da terra, e nas rochas.

7 : Bramavam entre os arbustos, e se ajuntavam debaixo das urtigas.

8 : Eram filhos de tolos, filhos sem nome, e expulsos de [sua] terra.

9 : Porém agora sirvo-lhes de chacota, e sou para eles um provérbio de escárnio.

10 : Eles me abominam [e] se afastam de mim; porém não hesitam em cuspir no meu rosto.

11 : Pois [Deus] desatou minha corda, e me oprimiu; por isso tiraram [de si] todo constrangimento perante meu rosto.

12 : À direita os jovens se levantam; empurram meus pés, e preparam contra mim seus caminhos de destruição.

13 : Destroem meu caminho, e promovem minha miséria, sem necessitarem que alguém os ajude.

14 : Eles vêm [contra mim] como que por uma brecha larga, [e] revolvem-se entre a desolação.

15 : Pavores se voltam contra mim; perseguem minha honra como o vento, e como nuvem passou minha prosperidade.

16 : Por isso agora minha alma se derrama em mim; dias de aflição têm me tomado.

17 : De noite meus ossos se furam em mim, e meus pulsos não descansam.

18 : Por grande força [de Deus] minha roupa está estragada; ele me prendeu como a gola de minha roupa.

19 : Lançou-me na lama, e fiquei semelhante ao pó e à cinza.

20 : Clamo a ti, porém tu não me respondes; eu fico de pé, porém tu ficas [apenas] olhando para mim.

21 : Tu te tornaste cruel para comigo; com a força de tua mão tu me atacas.

22 : Levantas-me sobre o vento, [e] me fazes cavalgar [sobre ele] ; e dissolves o meu ser.

23 : Porque eu sei que me levarás à morte; e à casa determinada a todos os viventes.

24 : Porém não se estende a mão para quem está em ruínas, quando clamam em sua opressão?

25 : Por acaso eu não chorei pelo que estava em dificuldade, [e] minha alma não se angustiou pelo necessitado?

26 : Quando eu esperava o bem, então veio o mal; quando eu esperava a luz, veio a escuridão.

27 : Minhas entranhas fervem, e não se aquietam; dias de aflição me confrontam.

28 : Ando escurecido, mas não pelo sol; levanto-me na congregação, e clamo por socorro.

29 : Tornei-me irmão dos chacais, e companheiro dos avestruzes.

30 : Minha pele se escureceu sobre mim, e meus ossos se inflamam de febre.

31 : Por isso minha harpa passou a ser para lamentação, e minha flauta para vozes dos que choram.