O Livro de Jó (em hebraico: אִיוֹב, Iyov) é um dos livros da seção dos "Escritos" (Ketuvim) da Bíblia hebraica (Tanach) e o primeiro dos livros poéticos do Antigo Testamento da Bíblia cristã. Jó endereça o problema da teodiceia — a justificação da justiça de Deus à luz do sofrimento da humanidade — e é uma rica obra teológica que apresenta diversas perspectivas sobre a questão. O texto tem sido amplamente elogiado por suas qualidades, com Alfred Tennyson chamando-o de "o maior poema dos tempos antigos e modernos".

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Capítulo 29

1 : E Jó continuou a falar seu discurso, dizendo:

2 : Ah quem me dera que fosse como nos meses passados! Como nos dias em que Deus me guardava!

3 : Quando ele fazia brilhar sua lâmpada sobre minha cabeça, e eu com sua luz caminhava pelas trevas,

4 : Como era nos dias de minha juventude, quando a amizade de Deus estava sobre minha tenda;

5 : Quando o Todo-Poderoso ainda estava comigo, meus filhos ao redor de mim;

6 : Quando eu lavava meus passos com manteiga, e da rocha me corriam ribeiros de azeite!

7 : Quando eu saía para a porta da cidade, [e] na praça preparava minha cadeira,

8 : Os rapazes me viam, e abriam caminho; e os idosos se levantavam, e ficavam em pé;

9 : Os príncipes se detinham de falar, e punham a mão sobre a sua boca;

10 : A voz dos líderes se calava, e suas línguas se apegavam a céu da boca;

11 : O ouvido que me ouvia me considerava bem-aventurado, e o olho que me via dava bom testemunho de mim.

12 : Porque eu livrava ao pobre que clamava, e ao órfão que não tinha quem o ajudasse.

13 : A bênção do que estava a ponto de morrer vinha sobre mim; e eu fazia o coração da viúva ter grande alegria.

14 : Vestia-me de justiça, e ela me envolvia; e meu juízo era como um manto e um turbante.

15 : Eu era olhos para o cego, e pés para o manco.

16 : Aos necessitados eu era pai; e a causa que eu não sabia, investigava com empenho.

17 : E quebrava os queixos do perverso, e de seus dentes tirava a presa.

18 : E eu dizia: Em meu ninho expirarei, e multiplicarei [meus] dias como areia.

19 : Minha raiz se estendia junto às águas, e o orvalho ficava de noite em meus ramos.

20 : Minha honra se renovava em mim, e meu arco se revigorava em minha mão.

21 : Ouviam-me, e esperavam; e se calavam ao meu conselho.

22 : Depois de minha palavra nada replicavam, e minhas razões gotejavam sobre eles.

23 : Pois esperavam por mim como pela chuva, e abriam sua boca como para a chuva tardia.

24 : Se eu me ria com eles, não acreditavam; e não desfaziam a luz de meu rosto.

25 : Eu escolhia o caminho para eles, e me sentava à cabeceira; e habitava como rei entre as tropas, como o consolador dos que choram.