O Livro de Jó (em hebraico: אִיוֹב, Iyov) é um dos livros da seção dos "Escritos" (Ketuvim) da Bíblia hebraica (Tanach) e o primeiro dos livros poéticos do Antigo Testamento da Bíblia cristã. Jó endereça o problema da teodiceia — a justificação da justiça de Deus à luz do sofrimento da humanidade — e é uma rica obra teológica que apresenta diversas perspectivas sobre a questão. O texto tem sido amplamente elogiado por suas qualidades, com Alfred Tennyson chamando-o de "o maior poema dos tempos antigos e modernos".

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Capítulo 21

1 : Porém Jó respondeu, dizendo:

2 : Ouvi atentamente minhas palavras, e seja isto vossas consolações.

3 : Suportai-me, e eu falarei; e depois de eu ter falado, [então] zombai.

4 : Por acaso eu me queixo de algum ser humano? Porém ainda que [assim fosse] ,por que meu espírito não se angustiaria?

5 : Olhai-me, e espantai-vos; e ponde a mão sobre a boca.

6 : Pois quando eu me lembro [disto] ,me assombro, e minha carne é tomada de tremor.

7 : Por que razão os perversos vivem, envelhecem, e ainda crescem em poder?

8 : Seus filhos progridem com eles diante de seus rostos; e seus descendentes diante de seus olhos.

9 : Suas casas têm paz, sem temor, e a vara de Deus não está contra eles.

10 : Seus touros procriam, e não falham; suas vacas geram filhotes, e não abortam.

11 : Suas crianças saem como um rebanho, e seus filhos saem dançando.

12 : Levantam [a voz] ao [som] de tamboril e de harpa e se alegram ao som de flauta.

13 : Em prosperidade gastam seus dias, e em um momento descem ao Xeol.

14 : Assim dizem a Deus: Afasta-te de nós, porque não queremos conhecer teus caminhos.

15 : Quem é o Todo-Poderoso, para que o sirvamos? E de que nos aproveitará que oremos a ele?

16 : Eis que sua prosperidade não se deve às mãos deles. Longe de mim esteja o conselho dos perversos!

17 : Quantas vezes sucede que a lâmpada dos perversos se apaga, e sua perdição vem sobre eles, [e] Deus em sua ira [lhes] reparte dores?

18 : Eles serão como palha diante do vento, como o restos de palha que o turbilhão arrebata.

19 : [Vós dizeis] : Deus guarda sua violência para seus filhos. Que [Deus] pague ao próprio [perverso] ,para que o conheça.

20 : Seus olhos vejam sua ruína, e beba da ira do Todo-Poderoso.

21 : Pois que interesse teria ele em sua casa depois de si, quando o número for cortado o número de seus meses?

22 : Poderia alguém ensinar conhecimento a Deus, que julga [até] os que estão no alto?

23 : Alguém morre na sua força plena, estando todo tranquilo e próspero,

24 : Seus baldes estando cheios de leite, e o tutano de seus ossos umedecido.

25 : Porém outro morre com amargura de alma, nunca tendo experimentado a prosperidade.

26 : Juntamente jazem no pó, e os vermes os cobrem.

27 : Eis que eu sei vossos pensamentos, e os mais intentos que planejais contra mim.

28 : Porque dizeis: Onde está a casa do príncipe?, e: Onde está tenda das moradas dos perversos?

29 : Por acaso não perguntastes aos que passam pelo caminho, e não conheceis seus sinais?

30 : Que os maus são preservados no dia da destruição, [e] são livrados no dia das fúrias?

31 : Quem lhe denunciará seu caminho em sua face? E quem lhe pagará pelo que ele fez?

32 : Finalmente ele é levado à sepultura, e no túmulo fazem vigilância.

33 : Os torrões do vale lhe são doces; e todos o seguem; e adiante dele estão inúmeros.

34 : Como, pois, me consolais em vão, já que vossas em vossas respostas [só] resta falsidade?