O Livro de Jó (em hebraico: אִיוֹב, Iyov) é um dos livros da seção dos "Escritos" (Ketuvim) da Bíblia hebraica (Tanach) e o primeiro dos livros poéticos do Antigo Testamento da Bíblia cristã. Jó endereça o problema da teodiceia — a justificação da justiça de Deus à luz do sofrimento da humanidade — e é uma rica obra teológica que apresenta diversas perspectivas sobre a questão. O texto tem sido amplamente elogiado por suas qualidades, com Alfred Tennyson chamando-o de "o maior poema dos tempos antigos e modernos".

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Capítulo 15

1 : Então Elifaz, o temanita, respondeu, dizendo:

2 : Por acaso o sábio dará como resposta vão conhecimento, e encherá seu ventre de vento oriental?

3 : Repreenderá com palavras que nada servem, e com argumentos que de nada aproveitam?

4 : Porém tu destróis o temor, e menosprezas a oração diante de Deus.

5 : Pois tua perversidade conduz tua boca, e tu escolheste a língua dos astutos.

6 : Tua boca te condena, e não eu; e teus lábios dão testemunho contra ti.

7 : Por acaso foste tu o primeiro ser humano a nascer? Ou foste gerado antes dos morros?

8 : Ouviste tu o segredo de Deus? Reténs tu [apenas] contigo a sabedoria?

9 : O que tu sabes que nós não saibamos? [O que] tu entendes que não tenhamos [entendido] ?

10 : Entre nós também há os que tenham cabelos grisalhos, também há os que são muito mais idosos que teu pai.

11 : Por acaso as consolações de Deus te são poucas? As mansas palavras voltadas a ti?

12 : Por que o teu coração te arrebata, e por que centelham teus olhos,

13 : Para que vires teu espírito contra Deus, e deixes sair [tais] tais palavras de tua boca?

14 : O que é o homem, para que seja puro? E o nascido de mulher, para que seja justo?

15 : Eis que [Deus] não confia em seus santos, nem os céus são puros diante de seus olhos;

16 : Quanto menos o homem, abominável e corrupto, que bebe a maldade como água?

17 : Escuta-me; eu te mostrarei; eu te contarei o que vi.

18 : (O que os sábios contaram, o que não foi encoberto por seus pais,

19 : A somente os quais a terra foi dada, e estranho nenhum passou por meio deles):

20 : Todos os dias do perverso são sofrimento para si, o número de anos reservados ao opressor.

21 : Ruídos de horrores estão em seus ouvidos; até na paz lhe sobrevém o assolador.

22 : Ele não crê que voltará da escuridão; ao contrário, a espada o espera.

23 : Anda vagueando por comida, onde quer que ela esteja. Ele sabe que o dia das trevas está prestes a acontecer.

24 : Angústia e aflição o assombram, [e] prevalecem contra ele como um rei preparado para a batalha;

25 : Porque ele estendeu sua mão contra Deus, e se embraveceu contra o Todo-Poderoso,

26 : Corre contra ele com [dureza] de pescoço, e como seus escudos grossos e levantados.

27 : Porque cobriu seu rosto com sua gordura, e engordou as laterais de seu corpo.

28 : E habitou em cidades desoladas cidades, em casas desabitadas; que estavam prestes a desmoronar.

29 : Ele não enriquecerá, nem seu patrimônio subsistirá, nem suas riquezas se estenderão pela terra.

30 : Não escapará das trevas; a chama secará seus ramos, e ao sopro de sua boca desparecerá.

31 : Não confie ele na ilusão para ser enganado; pois a sua recompensa será nada.

32 : Não sendo ainda seu tempo, ela se cumprirá; e seu ramo não florescerá.

33 : Sacudirá suas uvas antes de amadurecerem como a vide, e derramará sua flor como a oliveira.

34 : Pois a ajuntamento dos hipócritas será estéril, e fogo consumirá as tendas do suborno.

35 : Eles concebem a maldade, e dão à luz a perversidade; e o ventre deles prepara enganos.